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mÃEs GUERREIRAs

Sou a Ana e tenho 39 anos estou desempregada, casada com um agricultor e mãe de duas meninas a Carolina de 10 anos e a Margarida de 2 anos.


A Margarida nasceu com alguns problemas de saúde logo ao nascer.

Os pulmões ainda não estavam todos desenvolvidos e foi internada em Lisboa na D. Estefânia. Ficou uma semana nos cuidados intensivos onde depois de fazerem testes verificaram que a M tinha problemas na tiróide. Hoje toma um comprimido diário em jejum para o resto da vida dela e é acompanhada na Estefânia. As coisas cá em casa estão um bocadinho complicadas e por vezes peço ajuda para a M com roupas e produtos de higiene. Criei uma página a Maria Dezena para me ajudar nesta luta um bocadinho difícil.

Sempre que as coisas correm um bocadinho menos bem penso sempre nas minhas filhas e na alegria que elas me dão todos os dias.



                                                                 A Mãe Guerreira ,

                                                                  Maria Dezena

 

Vou relatar um pouco da minha historia como Mãe!
Tenho 23 anos e sou da margem sul. 


Desde cedo que o meu maior sonho era ser mãe. E cedo para aproveitar tudo.  
Deliciava-me sempre que via grávidas com aquelas barriguinhas e as roupas tao giras. 

Depois de já estar junta a uns anos, e de ter a certeza que ele era o homem da minha vida, 

chegou o momento de tentar!... E por incrível que pareça foi rápido demais ate engravidar. 

 

Isto passou-se em Junho de 2010. Começaram os enjoos, as dores de cabeça, nao conseguia 

comer praticamente nada e um sono interminável.   1ª ecografia estava tudo bem, e ouvi o 

coraçãozinho do meu baby! 2ª eco ás 13 semanas: caiu-me tudo!!  Ouvi o pior que alguém 

pode ouvir quando deseja muito um filho! O bebé tinha problemas: translucência nucal 

aumentada e nao poderia tê-lo. Corri para o hospital que confirmou e entrei em choque! 

Segui tudo o que a médica me aconselhou e fiz a amniocentese, mesmo com 19 anos e quando 

recebi o resultado descobrimos que era uma menina e tinha sindrome de turner! Tinha de 

interromper a gravidez...! Lágrimas não paravam de cair pelo meu rosto e só queria era 

desaparecer. Já sentia alguns movimentos da minha Di (abreviatura do nome q lhe iriamos dar) 

e ás 16 semanas fui internada para induçao do parto e demorei cerca de 20horas para.... 

interromper a gravidez.

Não conseguia acreditar que isto me estava a acontecer e que tinha perdido a minha bebé.  Só pensava: “O que fiz de mal? Porquê a mim?” . Entrei numa grande depressão e é algo que nunca se esquece, nunca se supera totalmente. Fiz uma tatuagem em homenagem a ela. 

 

Meses depois tinha medo de voltar a tentar e passar por tudo novamente. Mas, decidimos 

arriscar e assim foi: engravidei exactamente 13 meses após o inicio da anterior gravidez, ou 

seja em Julho de 2011. Andei a gravidez toda com medo.  1ª eco: tudo normal, um bebé muito 

grande e muito mexido. Sem enjoos, muito sono, muito apetite, era capaz de comer tudo o 

que via a frente!  2ª eco: felizmente tudo normal e é....Um rapaz!!! Todo desenvergonhado e 

com muita energia. Aí vinha o Alexandre! A gravidez foi tranquila, tirando o facto de eu ter 

ficado uma “bolinha”! Mas na consulta das 38 semanas....
Tensão arterial a 15/10! 

 

-Dra: “Tens de ficar já hoje internada para vigiarmos”.

 

-Eu: “Dra. Eu vou pra casa que isto passa, deixe-me lá ir comer os meus moranguinhos 

descansada”.

 

Obviamente fiquei internada, ele só estava previsto para dia 28/3 e ainda era dia 12/3. Nem 

com a medicação, a tensão baixou e decidiram começar a induzir o parto pelas 10horas da 

manhã de dia 14/3. As dores aumentaram, pois já as tinha, e a dilatação não passava dos 2cm. 

Mas por volta das 16h30, senti algo diferente e pronto: a bolsa rebentou! 

Por volta da 00h levaram-me para a sala de partos, tinha contraçoes regulares e com dores mas suportáveis. Dia 15 de março de 2012 de manha, dilatação: 3cm e decidiram programar a cesariana para as 14h. Mas as 14h já estava com 4cm e adiaram a cesariana. Com 5cm pedi a epidural mas sinceramente não fez efeito nenhum.
Pouco tempo depois, estava muito aflita e sabia que estava na hora....de fazer força! O bebé estava na posição transversal...e tiveram de usar ventosa com parto normal. Ás 16h55 nasce o meu menino e com o cordão enrolado no pescoço e era o que mais temia! Mas correu tudo bem e nasceu saudável.
Um dia depois ele teve icterícia que passou dentro de algumas horas e eu crises de anemia. Tivemos alta apenas dia 19/3. 

 

Sempre foi um bebé reguila e que queria sempre a maminha, sempre muito guloso. 

Adoptámos muito o co-sleeping, é tao bom! A amentação foi muito tranquila, adaptámo-nos muito bem e ele mamou atá aos 10 meses.

Agora ja é um menino crescido numa fase engraçada mas complicada também, mas é o melhor da minha vida!

Amo ser Mãe!!


                                                                                                                            A Mãe Guerreira 
                                                                                                                                  (anónima)

Olá! O meu nome é Alexandra e tenho 22 anos.

 

A minha história começa em 2010, quando com apenas 17 anos, descobri que estava grávida do meu primeiro namorado! A início foi um choque, e um verdadeiro misto de emoções... Além de ser nova, ainda estava a terminar os meus estudos! E o pior estava por vir, que era contar à minha mãe. Contudo, perante todas as dificuldades, nunca pensei no aborto. A minha mãe ficou muito triste e desiludida, mas também foi a primeira a dizer-me: "Agora terás de assumir as tuas responsabilidades!" E assim fiz!

 

A partir do momento em que descobrimos a gravidez, a minha relação com o pai da bebé nunca mais foi a mesma. Além de se afastar repentinamente, tinha sempre alguma desculpa a arranjar para não comparecer comigo às consultas/ecografias. A partir do 3º mês de gravidez descobri que estava à espera de uma menina, e descobri também que o pai dela me traía... Era o próprio a dizer-me, e eu conseguia tirar as minhas próprias conclusões! Mas eu estava grávida e não queria pensar na ideia da minha filha nascer e crescer sem pai! Mentalidade estúpida, a minha. Mas era tão inocente e inconsciente, que pensei sempre que as coisas fossem melhorar... Pois, nunca melhoraram. Só pioraram!

Todos os finais de semana, eu recebia um telefonema ou SMS do Carlos, a terminar a relação dizendo que tinha outra pessoa e que não queria saber de mim nem da menina. Eu corria para casa dele, tentava a todo o custo tirar satisfações, mas ainda era vítima de maus tratos. Quando a culpada não era eu! Para ser sincera, nunca pensei que os maus tratos que recebia prejudicassem a bebé. E dava sempre mais uma, e outra, e outra e outra oportunidade!

 

Em todas as ecografias, os médicos tinham as melhores expectativas para mim. Ao que tudo indicava, a minha Maria Leonor crescia bem e sem qualquer problema. Quando com 24 semanas, na noite de 5 de Agosto de 2010, comecei por sentir umas dores não muito incomodativas no fundo da barriga. Desvalorizei, pensando que seria normal para o meu tempo de gestação! Deitei-me, e as dores ficavam cada mais fortes, impossibilitando-me de dormir... Quando às 2h30 da madrugada de 6 de Agosto, levantei-me e para minha surpresa, estava a ter hemorragias constantes. Eu e a minha mãe fomos diretamente para a Maternidade Júlio Dinis no Porto, onde fizeram ecografias e todos os exames complementares e tinham o pior para mim. Eu estava em trabalho de parto, por consequência de um descolamento de placenta, e nada podiam fazer para atrasar o nascimento da Leonor. Ela ia nascer! Disseram-me inicialmente, que teria de ser sujeita a uma cesariana, visto a bebé estar numa posição não indicada para um parto normal. O mundo caiu a meus pés, e eu não queria aceitar a ideia que a minha filha ia nascer, e que pelas palavras dos médicos, a probabilidade de sobrevivência era ZERO! Quando me levaram para o Núcleo de Partos, fui informada que afinal já não iriam fazer uma cesariana, mas sim aguardar por um parto normal!!! Contra a minha vontade, e a minha palavra, obrigaram-me e forçaram-me a isso... Dizendo que não era caso para tal, nem possibilidades haviam para realizar uma cirurgia. Deram-me a epidural pelas contracções fortes que sentia, que em nada fez efeito! E durante aproximadamente 12 horas, aguardei num sofrimento que não dá nem para ser descrito pelo nascimento da minha menina.

 

Eu estava tão debilitada, que dizia à minha mãe que não estava a aguentar e que ia morrer. Ela corria para o corredor, a chamar pelos médicos, mas a resposta que obtia, é que aquela área era apenas destinada a profissionais! Pelas 10H44 da manhã de 6 de Agosto, após alguns vómitos, a minha filha acabou por nascer sem a assistência de nenhum profissional! Quando vi que ela estava cá fora, gritei, chorei e implorei que lhe dessem auxílio. Ela mexia-se, mas nem sequer chorava! Entraram de imediato na sala de partos, cerca de 10 médicos/pediatras que pegaram nela e fizeram algumas tentativas de reanimação sem sucesso. Nasceu com 520gramas e 38cm. A Leonor faleceu após 5/10 minutos do nascimento. Pedi para pegar nela, para me poder despedir. Visto que não me foi dada a possibilidade de reclamar o corpo, para fazer o funeral. Tive de assinar uma declaração, em como permitia que a minha filha fosse para estudos médicos no Instituto de Medicina Legal. 1 mês após o sucedido, dirigi-me à Maternidade para saber os resultados da autópsia. Foi então diagnosticado que entrei em trabalho de parto, por um descolamento de placenta, que podia ter sido consequência de um trauma, ou queda.

Automaticamente, pensei no que tinha permitido durante a minha gravidez. Tudo o que me aconteceu, foi alvo da violência que sofri! Nunca perdoei o pai da minha filha, e imediatamente coloquei um ponto final naquele pesadelo que me deixou marcas impossíveis de cicatrizar.

 

3 anos mais tarde, conheci outra pessoa que voltava a preencher o meu coração e que me deu o melhor de mim. O Tomás. Que nasceu precisamente no mesmo dia do mês, e aos mesmos minutos que a irmã... Nasceu por cesariana de emergência no dia 6 de Outubro de 2013, pelas 20H44! Com isto, tive toda a certeza que tenho a minha filha num lugar especial a olhar pelo irmão e por mim. Ela deu-me este sinal, que estaria para sempre presente nas nossas vidas!

 

Às mulheres que passam pelo mesmo, só tenho a dizer que temos de ser fortes, e viver um dia de cada vez. Não por nós, mas pelos nossos anjos! Que continuam vivos nos nossos corações!

 

 

                                                                                               A Mãe Guerreira ,

 

                                                                                                Alexandra Costa

 

 

Olá, sou a Leonor e tenho duas filhas a Victória e a Constança.

 

 

Casei em Dezembro de 2009 e logo quisemos ter filhos! Foi tudo preparado e planeado para a vinda do nosso primeiro bebé. Um dos primeiros sintomas que tive foi azia, após comer morangos com chantilly. Mesmo sem grandes esperanças resolvi fazer um teste e lá estava o meu positivo. Não demorei muito a ter os verdadeiros sintomas de gravidez, passado duas semanas chegaram os enjoos, sono, mau estar... e a barriga já a crescer.

Após uma consulta médica e de ver o meu bebé e o seu coração a bater o médico declarou que estava tudo bem. Os sintomas agravavam cada dia que passava, a barriga crescia e a minha mãe reparou que estava com uma cor muito amarelada. Com 10 semanas já tinha 10 kg a mais.

 

 

Ecografia das 12 semanas

Entrei no gabinete médico, toda contente com o meu marido! Iamos ver os dois o nosso bebé ..

Faz-me a ecografia muito concentrada no qual me diz que tinha de usar a sonda vaginal pois não estava a ver bem. Foi aí, nesse preciso instante que o meu Mundo desabou quando ouço :" Lamento, mas não detecto nenhum batimento cardíaco!" Tinha sofrido um aborto retido. A maior dor de uma mãe, sair do consultório a pensar que era um erro do ecografo .. só podia ser um erro!

 

 

Aborto clínico

Foram 8 dias de tortura psicológica, 8 dias com a esperança de que fosse tudo mentira!

Dei entrada no hospital para iniciarem o aborto clínico! Era já bem de noite quando começo a expulsão e a enfermeira que me acompanhava dá um grito enorme e chama urgentemente pelo meu médico. Quando dou por mim, tenho 5 médicos e 4 enfermeiras á minha volta e não compreendia o porquê. Uma hemorragia grave, e fui de urgência para o bloco operatório.

Após aquele enorme incidente , fui seguida durante 6 meses.

Foram 6 meses de exames e tudo mais até que descobriram células anómalas características de uma mola hidatiforme. Um tumor na placenta! O meu bebé morreu á fome e não desenvolveu porque todos os nutrientes alimentava o tumor e não o bebé.

 

Victória 

Assim que o médico nos deu sinal verde para podermos iniciar os treinos, não perdemos tempo.

3 semanas depois, consegui o meu positivo. Vivi os 6 meses da minha gravidez completamente louca, com medos atrás de medos. Muitas crises de Pânico e de ansiedade! Com muita força e paciência de quem me rodeava consegui ter a minha Victória.

 

Estava eu a viver o meu sonho da maternidade quando a Victória fica com uma bronquite com 7 meses. Ficou ela e eu doente até que passado uma semanas começo a ter desmaios. Pensei que fosse anemia e resolvi ir ao médico para resolver a situação e ver o que se passava. A minha menstruação era irregular e para minha surpresa o exame BHCG tinha um valor muito grande.Telefone em pânico para o meu médico e só havia duas hipóteses: metástase da mola ou gravidez! 

Tempos depois vou ao médico e a imagem que estava no útero estava disformada, o saco não estava redondinho e não havia massa fora da cavidade. Poderia ser um quisto hemorrágico ou então uma gravidez heterotopica. Mesmo assim teria de ter uma consulta no hospital e após várias opiniões confirmava-se que era uma gravidez heterotopica. Não perderam tempo e tive de ficar de imediato internada , tendo alta dias depois dizendo-me que era uma gravidez evolutiva. 

 

Como era lógico tinha de ser seguida com muita cautela, com a ordem de ir á clínica ter com o médico que me seguia. Nada poderia piorar ( pensava eu! ) e para meu espanto durante a ecografia o médico me diz que é uma gravidez ectópica grave. O bebé parecia estar no corno do útero e se rebenta-se a bolsa nesse local a hemorragia seria tão grande que o médico só teria minutos para me salvar. Passou-me tudo pela cabeça naquele instante , fiquei tão gelada que só pensava que tinha uma filha para ver crescer.

 

Mais um internamento de urgência , um dia cheio de exames e o BHCG dava valores altíssimos o que impedia o injectamento de MTX para dissolver a Ectopica. No dia seguinte, após uma ecografia de rotina me dizem que tinha de ir urgentemente para o bloco operatório porque estava prestes a rebentar. Caiu-me tudo ! Eu só pedia para não me deixarem morrer, porque tinha uma menina com 9 meses. Eu só pensava na Victória ! Naquele momento mais nada importava , eu queria viver para poder ver crescer e cuidar da minha filha .Após 5 horas no bloco operatório , quando acordei tinha imensas dores.

 

Embora toda a equipa médica tenha sido maravilhosa e me tenham salvo a vida as dores davam cabo de mim. Não me podia mexer, não podia virar e no primeiro dia que me tentaramlevantar desmaiei de dores. Seguiram-se mais 3 dias de internamento e finalmente vim para casa. Só dizia que não queria mais filhos, foi tudo tão doloroso que não desejo a ninguém.

Ao fim de 3 semanas é que consegui apertar as calças sem dores e caminhar. 4 semanas depois pude pegar na minha filha ao colo. Passei muito mal!

Um ano depois de ter alta do hospital fui a consulta de rotina e falar na possibilidade de voltar a engravidar!

 

No mês a seguir lá encomendamos a Constança!

 

 

 

                                                                          A mãe Guerreira

      

                                                                     Leonor Rodrigues de Farinha

Olá !

Eu sou a Ana Araújo,24 anos. O meu príncipe chama-se Miguel Silva e tem 3 anos feitos a 31 de Outubro.

 

  • ​ Quando descobriste pela primeira vez que estavas grávida, qual foi a tua reacção?

Quando soube que estava grávida nem queria acreditar. Fiz o teste na farmácia,mas depois de tantas tentativas falhadas fiquei na duvida se era real ou um sonho. Até foi engraçado,o pessoal da farmácia já me conhecia e vieram os 3 com um sorriso nos lábios darem me a noticia mas só me caiu em mim quando me deram o teste para a mão.

 

  • A amamentação, foi um processo fácil ou muito doloroso? 

Adorei amamentar mas infelizmente foi por pouco tempo,apesar de ter tido leite ate aos 6 meses. quando o meu filho tinha 8 dias fui internada de urgência por causa de uma pancreatite aguda derivado a pedra na vesícula. Algo que já me acompanhava há algum tempo mas que os médicos associavam ao facto de o bebe ter dado a volta cedo. Podia ter colocado os pés no estômago. Afinal não era bem assim,tive que ficar no hospital e acabei por ser operada,por isso já não pude amamentar mais. Ele começou a beber leite de farmácia e quando vim para casa ele estava tão habituado que não recusou o meu.

 

  • Qual foi o momento mais feliz que passaste como Mãe ?

Quando ele disse mamã e papá. É tão bom ouvir isso da boca deles. entre outras palavras. Principalmente quando ele diz que nos ama, que somos os melhores pais do mundo... Acho que não existe melhores palavras,significa que estamos a fazer tudo bem!!!

 

 

  • Quando e como descobriste a tua doença ?

Eu tenho um linfoma não-hodgkin de células B. Basicamente um tumor maligno do lado esquerdo do pescoço. O meu filho tinha acabado de fazer 1 ano e era dia de consulta. Cerca de 1 semana antes tinha sentido uma pequena saliência do lado esquerdo do pescoço e falei ao medico. Mandou-me logo fazer  exames a pensar que podia ser da tiróide mas deu tudo negativo. Passei cerca de 9 meses a ser seguida no Hospital Pedro Hispano mas sem respostas. Já tinha feito várias biopsias de agulha (bastante dolorosas) e como não dava em nada fui operada. Retiraram uma amostra maior e foi então que descobriram.

 

  • A partir desse momento, o que mudou?

Mudou tudo, a minha vida deu uma volta de 360º. Deixei de fazer planos a longo prazo, comecei a ser seguida no IPO do Porto e a fazer tratamento de quimioterapia. Toda a gente lá é fantástica. Desde os médicos aos empregados de limpeza.
 

  • Como foi a reacção dos teus familiares e amigos ?

Toda a gente me apoiou apesar de não ser fácil para ninguém. Não e uma noticia fácil de dar nem de receber. Na altura o meu filho tinha 2 anos, e acredita que não é muito fácil explicar a uma criança tão pequena que se vai fazer um tratamento em que o cabelo cai. Mas ele reagiu melhor do que estava a espera. Quando o cabelo caiu ele até me dava beijos na careca e dizia que era para o cabelo crescer mais depressa...
 

  • Que tratamentos tiveste de fazer ? E qual a tua opinião a nível dos profissionais de saúde ?

Fiz e ainda estou a fazer quimioterapia. Os tratamentos são agressivos mas toda a gente é fantástica. Não tenho nada a apontar aos profissionais de saúde,são maravilhosos.

 

  • Como é ser a Ana Araújo no papel de mãe ?

Ser a Ana Araújo no papel de mãe é o papel da minha vida. É fantástico, sem palavras para descrever. É uma luta constante por causa dos tratamentos mas é maravilhoso,sem dúvida!!

 

  •  Como é o teu dia-a-dia ?

Acordo de manhã,tomamos o pequeno almoço e vou levar o meu pequenino a ama. Como não posso trabalhar tento me manter sempre ocupada. 

 

  • Nos dias de hoje, achas que ainda há discriminação por falta de informação sobre doenças oncológicas? 

 Infelizmente existe muita discriminação, eu também já fui vitima disso.

 

  • Alguma vez foste discriminada num local publico?

Neste ultimo Natal estava a comprar as prendas para o meu filho no Continente de Matosinhos e uma menina chegou se a minha beira.... eu estava de máscara e a mãe dela puxou a menina aos berros a dizer " Anda cá , anda cá que não te quero aí!!!". Foi muito mau, toda a gente ficou a olhar para mim como se tivesse algo contagioso...enfim...

 

  • Em algum momento, pensaste em esconder do teu filho o que se passava contigo? 

Não, nunca. Pessoalmente acho que é pior, até porque tenho que ficar internada para fazer o tratamento,e o cabelo caiu. Sempre soube de tudo o que passava comigo.

 

  • Qual foi a tua maior força para ires em frente nesta luta ?

O meu filho e o meu marido. Ainda sou nova,tenho muito para viver, não me ía deixar derrotar por esta dificuldade

 

  • Que conselhos dás ás pessoas que se encontram na mesma situação ?

Nunca deixem de lutar,nós encontramos força onde não sabiamos que tinhamos. Lutem, vençam porque são capazes!!!

 

  • Independentemente de tudo, consideras-te uma pessoa, amiga, filha, mãe , esposa feliz ?

Sim. tenho um marido que me apoia em tudo,um filho que é o meu rochedo. Dificuldades toda a gente tem, o tuque é lutar e ser feliz.


 

 

                                                                                                                      A Mãe Guerreira ,

 

                                                                                                                            Ana Araújo



Olá !


Sou a Cláudia mas toda a gente me conhece por Anita, tenho 25 anos feitos em Dezembro.Antes de mais gostaria de dizer que vivo na Holanda (agora em fase de transição de volta ao nosso portugal).Aqui na Holanda a cultura é muito diferente, logo será tudo muito diferente durante esta historia!

 

Tudo começou com problemas menstruais! 

Estive vários meses sem a menstruação. Aqui na Holanda procurei uma opinião sobre o meu problema em vários médicos, mas como tinha uma vida super agitada eles achavam que era normal, poderia ser do stress!! Continuei achar que algo de errado se passava comigo e procurei a ajuda de um ginecologista. Após vários exames disse-nos que eu não criava óvulos .. como não criava óvulos o meu corpo também não podia produzir a menstruação! Foi nesse preciso momento que fiquei a saber que se queria engravidar teria de recorrer a tratamentos!!

Inicialmente seriam dez comprimidos, um para cada dia. Essa medicação iria fazer com que tivesse a menstruação. Assim que a menstruação aparece-se, teria de começar a tomar a pílula.

 

Lembro-me de eu e o meu marido sairmos do consultório, estranhos! Tínhamos descoberto o problema mas em contrapartida tínhamos recebido uma péssima noticia!! No fundo estávamos plenamente conscientes de que os tratamentos eram algo muito mais para além de dinheiro , também tinha de depender muito de nós próprios!! Senti-me de rastos , devastada .. no meu pensamento só me perguntava: " Como é possível eu não criar óvulos?! Como?! " Tudo o que mais queria era ter um filho . Talvez por ter perdido a minha mãe muito cedo, nasceu em mim este sentimento muito forte.

 

A noticia foi complicada para nós mesmos digerir , portanto optamos por não contar a ninguém. Como se já tudo isto não basta-se recebo a pior noticia de todas,o meu padrinho tinha falecido. Sem pensar em mais nada, partimos de imediato para Portugal e a medicação ficou esquecida. Durante 2 meses andei perdida, sem motivação para pensar no que fosse, muito menos no enorme problema que tínhamos de enfrentar.Até ao dia em que comecei a sentir dores muito fortes nas costas! Pensei, seriamente que fosse outro problema de saúde a caminho, visto que a minha família tem um historial de pedra nos rins. O meu marido para me tranquilizar, disse que provavelmente pode-se ter haver com a ausência da menstruação e para começar a tomar a medicação que o ginecologista  receitou.

Como as dores eram horríveis, decidi toma-los ! Mas algo me dizia para não o fazer. Foram inúmeras as vezes que abri a caixa, e no momento exacto .. não os tomava. 

Foi uma situação que eu escondi do meu marido durante semanas.

 

Ganhei a devida coragem e fiz um teste de gravidez, o resultado foi tudo aquilo que eu menos esperava : POSITIVO !! ( +3 semanas ). Instalou-se em mim um sentimento místico de felicidade, medo e muita confusão. Como é que seria possível ? Não tinha a menstruação durante meses e meses a fio, um médio dizer-me que não conseguia ovular, nunca tomei a medicação sugerida e .. estou grávida !!!

Assim que contei ao meu marido, choramos .. choramos muito de felicidade e de preocupação.

 

Na Holanda, todo o processo de maternidade é diferente de tudo o que já vi.

Derivado a toda a situação que passei, no dia seguinte ao tão esperado positivo não perdemos tempo em ir ao Médico.O normal ( em Portugal ) seria eu ter de ser seguida num Hospital , mas por aqui todas as mulheres são seguidas por um consultório e têm de fazer o parto em casa.È de facto assustador! Mas se todas as mamãs daqui eram capazes , porque é que eu não seria ?! Todas as etapas da gravidez correram bem. Às 19 semanas, tivemos de escolher uma empresa de enfermagem. Essa mesma empresa que me ia destacar uma enfermeira para ver se tinha o quarto do bebé em ordem para a sua chegada , e que me iria ajudar nos 8 dias após do nascimento do bebé. Uma ajuda preciosa, pois não só me ajudaria com o bebé assim como com a vida doméstica.

 

O DIA DO PARTO :

Segunda-feira dia 5 Maio, começaram logo de manhã cedo as contracções!

Dia e noite .. Até que resolvemos ir ao consultório e recebo a noticia : " Se não é hoje será para amanha"!

Às 5 da manha já não aguentava mais de dores e peço ao meu marido para ligar para o médico, que prontamente chegou a nossa casa. Tinha tudo pronto para o parto ser realizado em casa, mas após uma examinação tínhamos de ir urgentemente para o hospital. O meu filho tinha as mãos em frente da cabeça...  Já no hospital instalaram-me num quarto. Fui examinada e quando viram que o meu filho já não estava com as mãos a frente da cabeça rebentaram-me a bolsa. As dores pioravam a cada hora que passava, para além das contracções , sentia que algo não estava bem. E não estava ! Tinha somente 5 dedos de dilatação e o meu filho tinha de nascer naquele preciso momento.  O batimento cardíaco estava muito, muito baixo. Não havia tempo para uma cesariana, no meio de tubos, rasgões e ventosas TUDO naquele preciso momento dependia de mim. A vida do meu filho, dependia de mim. Foi então que fiz os puxes com a maior força que consegui, por momentos duvidei de mim ... Mas não desisti! Até que o Mundo pára e a única coisa que senti, foi o meu filho em cima de mim. Um momento unico, o melhor momento da minha vida e da vida de uma mãe. Um sofrimento pelo qual vale toda a pena passar.

 

O meu filho, é o meu grande milagre.

 

 

                                                                                                        A mãe Guerreira ,
                                                                                                       
                                                                        Cláudia Vieira

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